sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Perdido no Tempo, Certo no Espaço

Como poderei começar? O último detalhe que relembro da minha humilde jornada é o sabor de orvalho que inspirei ao fechar os olhos, recordo uma luz clara que perfurava as imensas folhas verdejantes das gigantes árvores, ainda ouço o piar das pequenas aves que por entre ramos e húmido musgo prosperavam, alimentando as suas crias com vermes provenientes do solo, consigo inalar o aroma fresco da floresta circundante em que me encontrava, sinto ainda levemente aquele ambiente humedecido e vivo, enquanto as flores eram rodeadas pelos insectos que as propagam, as sementes levemente desciam das árvores e dos velhos arbustos, rodopiando como donzelas tímidas e indefeseas, as gotas que se acumulavam nos extremos de tudo o que eram folhas altas e espessas que de tempos em tempos iludiam os ouvidos de quem por ali passava, criando uma sensação de chuva fantasma.

Sim poderei dizer que recordo esses detalhes que descrevo, mas agora tomando o lugar dessa pura povoção naturalista, encontram-se grandes estradas cinzentas, de uma matéria que nunca havia visto, algo duro como pedra mas liso como tecido. As árvores foram substituídas por grandes espetos metálicos com esferas de vidro nas extremidades, e algum objecto pagão protegido por uma outra forma deformada de vidro. Os pássaros, esses? Não os oiço cantar, não terei como responder ao seu paradeiro, pois nem penas, nem patas, nem crias , nem alimento. Se existia algum tipo de prova, não poderei jurar pelo Rei da sua existência, seria logo decepado por pensar profanações, delírios.

Para onde terá ido toda a natureza? Nada verde consigo avistar, meus olhos buscam algo familiar das terras pelas quais passei, nada se assemelha ao que enxergo, as únicas coisas que reconheço são a armudra prateada que envergo, o escudo azulado com detalhes a ferro e a espada que me fora entregue pelo próprio Rei. O escudo sinto-o nas costas, não abandonou o seu fiel dono, já espada encontra-se desembainhada, enterrada no chão como uma lápide de um camarada. O que aconteceu para tudo estar estranho e diferente? Terei de procurar respostas o mais rápido possível, seguirei esta estrada acinzentada e tentarei achar algum habitante deste enorme reino alterado

6 comentários:

  1. gostei da historia, chama a atençao e faz com pensamos o que irá acontecer no capitulo seguinte.

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  2. Há pessoas que escrevem como profissão e há pessoas que o fazem por vocação. Cada palavra que escreves é um reavivar constante do talento que habita dentro de ti. É impossível não ficar preso e admirado por tamanho dom, e só um ignorante não o reconheceria como tal. Admiro-te. Como sempre, esperarei ansioso pela continuação, deixando todo o apoio, carinho e inspiração que posso dar, presenteando com votos de sucesso que sei que conseguirás, se por isso batalhares. :)

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  3. Oláa Parabéns pelo texto!
    Adorava poder escrever assim, conseguiste colocar-me no meio meio da floresta.

    Beijinho, obrigado :)

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